Para sempree*

Tocam no chão, os pés descalços, o frio espalha-se pelo corpo. Arrepio!
A vida não sorri para nós, queixamo-nos, choramos, mas não imaginamos o que é sofrer de verdade.
Julgamos, criticamos, mas também falhamos, sentimo-nos injustiçados pelo destino, maltratados pelo tempo!

Sabem não temos razãão!

Nós, temos uma casa, pequena ou grande, o que isso interessa, não passamos frio, não dormimos na rua, não apanhamos chuva.
Nós, que não somos doentes, que temos o que comer, que temos águapara beber.
Nós que queremos sempre mais, mas algures no mundo há alguem que tem sempre menos.
Eles é que sofrem;
Nós choramos por um amor não correspondido.
Eles não choram, mas muitos não têm ai nem mãe, nem tão pouco sabem o que é o amor.
Nós zangamo-nos por não queremos estudar!
Eles são escravos da vida. Trabalhadores a tempo inteiro.
Não descansam, não comem, mas vivem, suportam tudo, suportam o impossivel, e não desistem.
Acontece-nos qualquer coisa e dizemos, querer morrer, mas eles tapados de areia até ao pescoço, têm vontade. A vontade de existir, é maior do que a dor, do que a fome, do que a sede, do que a tristeza...

Se eles vivem eu não posso querer morrer!!*

Se choras por não teres visto o pôr do sol, as lágrimas não te deixaram ver as estrelas!*

Ontem, falei, falei tanto, e tanto ficou por dizer! Já era tarde mas senti que ainda existiam tantas palavras para trocar! Gostei,
Senti tudo o que disse e o que pensei, mas nem tudo ficou claro, por isso anseio pela proxima conversa!
Vida, o que dela interessa?
Nada, apenas existir? Tudo, até ao minimo pormenor?
Afinal?
Mundo, que mundo é este?
mais um entre milhões? O unico onde há alguem?
Afinal?
As perguntas deviam merecer respostas, mas essas, onde estão?
pois... eu não sei , por enquanto, procuro estasiadamente as soluçoes, encontro, por vezes, umas mais certas do que outras! Mas quem definiu isso? quem definiu o correcto e o errado! Quem inventou a razããão?

Olhei para a janela, era noite, e lá fora não se ouvia nem uma folha mexer, não pensei, mas senti algo que nunca sentira, algo que invadiu o meu corpo, que rompeu a minha alma; deu-me uma imensa vontade de sorrir. Sorri! Foi como se o brilho das estrelas tivesse despertado em mim, foi estranho. Gostava de poder sair dali de ir para a rua, tentar perceber o que se passava; fechei os olhos, consegui voar, quando reparei estava lá fora,senti a relva molhada efria nos meu pés descalços, mas não me arrepiei, não me preocupei com o facto de ter os pes gelados, pois um calor me enternecia, estava bem.

Olhava para longe, só conseguia ver luzinhas distantes, que por instantes me voltaram a desnhar um sorrirso nos labios, quase roxos.

Voltei a casa, vesti um casaco velho e saí.

De novo lá fora, olhei para o céu, pensei em contar as estrelas, mas já depois de começar, iam aparecendo outras estrelas,ainda mais bonitas, ainda mais reluzentes do que as primeiras, que me distraiam e atrapalhavam, desisti de as contar.

Todas as casas tinha tudo fechado, tudo apagado, áquela hora não passava nem um carro na estrada, não se via ninguem, Olhei o vazio, agora sentada, uma lágrima escorreu pelo meu rosto, tocou os meus lábios, e não sei onde foi parar, não sabia sealguem naquele momento era tão veliz como eu, no outro lado do mundo, ou mesmo nutro lugar de todo este universo. Assim senti o infinito em minhas mãos, limpei os olhos, o meu coração largou um suspiro, que mesmo tãoleve me acalmou. Serena, voltei a sorrir.

A noite continuava deserta , mirei a lua, tentei compreender a sua forma, todos os seus contornos, pareceu-me matematico,parei por segundos, reflecti. Observando a lua,pareceu-me ve-la rir para mim, as pernas tremeram.Fiquei com auela imagem gravada; como tatuagem para a vida, como cicatriz marcada no corpo para sempre!

O virar da página, o passar das horas, vagas, rápidas, tão vazias, horas e horas sem nada de especial, o tempo passa e é sempre a mesma coisa, apesar de cada momento ser incerto! Cada dia é recebido com esperança, com a necessidade que aconteça algo inesperado, mas estes dias acabam por terum fim sempre igual, sem nada novo, sem nada bom!

Só quero algo que me desperte, que me arrepie, que me apaixone, que me faça desejar.

Algo que me apague o vazio, que afaste as desilusoes, algo que me encha a vida, que me faça sorrir daquela maneira mais do que especial.
Quero pintar desejos, realizar sonhos, abrir mais portas, colorir o meu mundo!
Anseio por um novo dia todas as noites.
Anseio por sonhar com algo que me arrefeça a barriga, que me faça brilhar o olhar!
Quero acreditar, amar por amar, quero ter saudades, chorar, gritar para o céu!
Quero SENTIR!